sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Capítulo Três - 1ª parte


Sábado de manhã. Estou sozinha no apartamento. Fico rolando na cama por mais tempo. É gostoso não ter horário para levantar. Depois dessa semana o que eu mais precisava era a cama como minha única e exclusiva companhia. Começo a pensar em Mauricio. Como ele mexe comigo. Tento lembrar dos meus outros romances, mas nada se compara com o que eu sinto quando estou perto dele. Calafrios na barriga, as mãos começam a suar, o coração dispara, a respiração fica ofegante. Comecei a lembrar do meu ex-namorado da minha cidade natal, Carlos Munhoz. Nós namoramos por quase um ano e terminamos depois que eu vim estudar em Florianópolis. Nós até tínhamos prometido um para o outro que quando eu voltasse nos casaríamos. Mas, o que eu sentia e ainda sinto por Carlos nem se compara com os sentimentos  que Mauricio desperta em mim. Só de pensar em sua boca tão próxima da minha já sinto um frio na barriga. Por que por Mauricio? Seria muito mais tranquilo eu me apaixonar pelo Fabio, que também é lindo e muito gentil. E o pior é que esses sentimentos não poderão passar de sentimentos e eles ficarão todos guardados somente para mim.

Procuro ao máximo afastar Mauricio dos meus pensamentos. Me levanto. Tomo um banho demorado. Visto uma roupa leve e confortável e saio para ir a padaria tomar meu café da manhã. Lembro que menti para Mauricio sobre minha preferência a cerveja e começo a rir sozinha pela rua. Já são nove horas da manhã e o sol brilha forte no céu. Depois de tomar café quero ir até a livraria buscar os dois livros sobre psicologia que eu encomendei. A padaria fica próximo ao meu prédio. Um espaço pequeno e simples, mas confortável e prazeroso de se estar. Entro e cumprimento o padeiro.

- Bom dia senhor Adão! – Adão é um senhor de aproximadamente cinqüenta anos que é dono da padaria e está sempre bem disposto para atender seus clientes.

- Bom dia senhorita Cristina! O que vai ser pra hoje?

- Café com leite e torradas.

- Não há vi esta semana. Está tudo bem?

- Comecei a trabalhar e os horários estão corridos. – Adão tratava seus clientes como se fossem da família. Talvez seja por isso que sua padaria era sempre muito bem requisitada.

Sentei numa mesa no canto próximo da janela para poder observar o movimento de pessoas. Adão trouxe meu pedido e comecei a saborear meu café da manhã. Todo sábado fazia questão de tomar café na padaria pelo prazer de saborear o café em outro ambiente. Minhas colegas de apartamento nunca me acompanhavam, pois não conseguiam sair da cama antes das onze da manhã.  Distraída levei um susto quando ouvi meu nome.

- Bom dia Cristina!

Meu susto foi maior ainda quando vi quem havia falado meu nome. Mauricio Anton estava lindamente parado na minha frente. Eu estou sonhando ou esse cara realmente é um colecionador ávido. Não desiste tão fácil.

- Posso sentar? – Ele apontou para a cadeira.

- O que você está fazendo aqui? – Está pergunta soou um pouca idiota. Mas ele não costuma frequentar este lugar, nunca o vi aqui.

- Acho que vim fazer o mesmo que você, tomar café da manhã. – Não era essa a resposta que eu estava esperando e o pior é que ele sabe disso. Seu riso de divertimento me fez corar. Perguntei novamente:

- Você não costuma frequentar este lugar? – Foi mais uma afirmação do que uma pergunta.

- Comecei a frequentar hoje. E me parece um lugar agradável para começar uma manhã de sábado. – Ele apontou novamente para a cadeira. – Posso sentar com você ou prefere que eu vá para outra mesa?

O mais sensato seria ele sentar em outra mesa. Manter distância. Mas como resistir.

- Desde que você não estrague meu café da manhã. – Respondo dando de ombros.

Mauricio sentou na minha frente e seus olhos estavam devorando os meus. Dava para sentir a energia entre nós. Será que ele também sentia a mesma coisa. Me pergunto porque ele não é uma cara normal, que paquera, namora, que tem vontade de formar família e ter filhos. Seria tão simples, tão fácil. Uma vida perfeita. Para minha infelicidade, nenhuma dessas atribuições estão em seu currículo de vida.

- Sua impressão sobre mim realmente é péssima. – Ele parecia estar lendo minha mente.

- Isso é você que está dizendo. – Retruco. Adão traz seu café da manhã e põe na mesa.

- Pensei que preferia cerveja ao invés de café! – Mauricio estava se referindo a minha mentira e eu não iria desmentir agora.

- Pela manhã prefiro café. – Dou um sorriso.

- É bom saber. Cervejas na sexta a noite e cafés no sábado de manhã cabem em sua agenda. – Ele dá um gole demorado em seu café esperando minha resposta. Seu olhar quer dizer alguma coisa, mas não consigo decifrar o que é.

 - Isto é uma cobrança? – Perguntei fechando meu rosto. Quem ele pensa que é para querer saber o que faço ou deixo de fazer.

- Não é uma cobrança. Apenas uma observação. Uma vez que nas quartas o café no final da tarde não são de sua preferença. Agora tenho outras opções.

- É impressão minha ou você está ressentido por eu não ter aceito seu convite na quarta.

Ele não respondeu, apenas ficou me encarando enquanto comia suas bolachas. Se não respondeu é porque eu estou certa. Ele está ressentido por ter levado um não. Coisa que com certeza não acontecia com ele todos os dias. Já que as mulheres caem sobre seus pés. E seu plano é me conquistar a qualquer custo para não ficar com seu elo abalado. Quebro o silêncio tentando uma conversa mais natural.

- Gostou do lugar?

- Hã! Aconchegante. Melhor do que qualquer lugar é a companhia que temos.

- Você não desiste mesmo. – Reviro os olhos.

- Desisto do quê? – Ele dá de ombros fazendo de conta que não estava entendo.

- De flertar comigo.  

- E você gosta? – Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas. Meu cérebro novamente se evaporou e eu não encontro nenhuma resposta plausível. Mauricio percebe meu embaraço e parece se divertir com a situação.

- Você já tem planos para hoje? – Mauricio parece mais sério agora. Planos para hoje? Não havia pensado nada em especial.

- Estudar, assistir algum filme talvez. – Respondo. Minha razão está gritando em meus ouvidos para eu dispensá-lo de uma vez. Mas todos os meus outros sentidos querem o contrario.

- Podemos almoçar juntos e a tarde tenho um lugar bacana para te mostrar. – Ele dá um meio sorriso que me deixa sem chão. A proposta é tentadora. Almoçar com Mauricio Anton e passear juntos à tarde. É claro que eu aceitaria se não soubesse suas verdadeiras intenções. E pior que isso, é que eu sei que vou querer repetir os passeios e isso não vai acontecer. E eu vou sofrer e ele vai continuar tocando sua vida. Eu sei que estou a beira de um precipício e parte de mim quer se jogar.

- Desculpe! – Desvio o olhar. – Estou com conteúdos pendentes da faculdade e preciso me concentrar nos estudos. Não vou poder aceitar seu convite. – Não consigo encará-lo. Meu inconsciente aprova minha atitude. Mantenha ele a distancia.

- Eu que peço desculpas. Mas vou insistir. – Mauricio pega minha mão e meu coração gela. Ergo o olhar e encontro seus olhos me encarando. Sua expressão séria me derrete por dentro. – Não acredito que você não se permita se divertir um pouco.

Tiro a minha mão da sua e repito.

- Estou falando sério. Tenho muito o que estudar.

- Também estou falando sério. E sei ser muito insistente. – Mauricio não tira os olhos de mim.

O que eu faço. Eu adoraria sair com Mauricio. Conhecê-lo melhor. Mas, tenho medo de me machucar, de sofrer. Eu sei qual é o seu jogo e suas regras não me agradam em nada. A menos que eu não permita que aconteça nada além de um almoço. Aceitar almoçar com Mauricio não quer dizer que eu vou ficar com ele. Eu vou precisar manter o foco para jogar esse jogo perigoso demais. Mauricio está esperando minha resposta enquanto brigo com meus pensamentos.

- Tudo bem. Aceito almoçar com você, mas, com uma condição. – Digo olhando em olhos. – Eu não vou ficar com você. – Fico com as bochechas vermelhas. Mauricio arregala os olhos. Ele está digerindo minha resposta. Será que ele vai aceitar o combinado. E se aceitar será que vai cumprir. Por fim ele diz dando um sorriso:

- Combinado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Capítulo Dois - 4ª parte


- Adorei a companhia de você, mas já estou indo. – Pego minha bolsa para ir pra casa e Mauricio segura a minha mão, me olha bem nos olhos e diz:

- Desculpe, mas não vou deixar você ir embora sem antes me conceder o privilégio de uma dança.

Antes que eu pudesse dizer algo ele já estava me conduzindo para a pista de dança. Sua mão segurando a minha e todas as minhas veias pulsando com o toque. Mauricio me segurou próximo demais de seu corpo lindo e começamos a dançar. Eu mal conseguia sentir minhas pernas e meu cérebro havia se evaporado. Isso não podia estar acontecendo, faz parte de seu plano para me conquistar e eu não posso me deixar envolver. Ele está perto demais. Da pra sentir sua respiração quente em meu rosto. Sinto minha barriga gelar.

- Você está muito linda. – Ele fala em meu ouvido e eu me derreto por dentro. Realmente ele sabe conquistar uma mulher, essa era sua especialidade. Mas, eu vou continuar firme porque sei que se eu me entregar não vou me perdoar depois.

- Obrigada. – Respondo, tentando agir o mais natural possível, apesar de estar sendo bastante difícil. Continuamos dançando em silêncio, apenas ouvindo a respiração um do outro. A música termina e caminhamos até a mesa. Mauricio me conduz colocando sua mão sobre as minhas costas. Esse gesto fez meio corpo inteiro se arrepiar. Quando chegamos a mesa imediatamente peguei a bolsa e me despedi de todos.

- Obrigada pela companhia esta noite. Mas preciso ir.

Fábio pediu para eu ficar mais um pouco, eu disse educadamente que precisava ir mesmo e ele não insistiu. Se ofereceu para me levar para casa e eu também não aceitei. Me virei e fui até o caixa pagar minhas cervejas. Eu estava abrindo a carteira quando Mauricio chegou ao meu lado dizendo:

- Pode deixar por minha conta todas as bebidas da mesa 6. – Ele colocou uma nota de cem reais no balcão e continuou. – E pode ficar com o troco.

Eu até pensei em discutir a situação, mas seria muito desgastante. Por isso somente agradeci e sai do barzinho. Percebi que Mauricio vinha atrás. Já na calçada senti o ar fresco da noite. Continuei andando com passos largos fingindo que não o havia percebido. De repente sinto sua mão segurando meu braço. Eu paro e ficamos de frente um para o outro.

- Eu levo você para casa. Não é seguro uma mulher tão linda andar sozinha por aí. – Ele deu um meio sorriso e meu coração acelerou.

- Não se preocupe comigo. Posso ir caminhando são só dois quarteirões e as ruas estão bem movimentadas. Nada vai acontecer. – Começo a andar e ele outra vez segura meu braço. Será que ele tem consciência do que seu toque esta causando em mim e esta fazendo de propósito?

- Espere! Parece que você está fugindo de mim? – Ficamos de frente um para o outro novamente.

- Não estou! Por quê? Eu deveria fugir? – Faço uma expressão de questionamento e Mauricio parece pensar na pergunta, mas não faço mínima idéia do que esteja pensando.

- Não me considero perigoso. – Seu olhar ficou gelado, seu rosto não demonstrou nenhum sentimento. – Se você ainda está chateada pelo incidente do elevador... – Não o deixei terminar interrompendo sua fala.

- O episódio do elevador já ficou para trás. – Estou com vontade de dizer que ele é um maluco que aproveita da sua beleza e charme para fazer as mulheres sofrerem e que eu o abomino por isso. E principalmente que se eu me envolver eu vou sofrer e ele não merece o meu sofrimento. Mas guardei tudo isso para mim e resolvi simplificar a conversa. – A questão é a seguinte. Você é o chefe do escritório e eu sou a estagiaria e é assim que vai continuar sendo.

- Tudo bem! - Mauricio da um passo para traz levantando as mãos em sinal de defesa. – Mas, eu sou o chefe e você é a estagiaria lá dentro no escritório. – Ele dá um sorriso encantador. – Aqui fora eu sou o Mauricio e você é a Cristina.

    Eu adorei ouvir sua boca pronunciar meu nome. Mas, para o meu bem eu não posso adorar nada nele. Eu preciso é me livrar de uma vez dele antes que eu não resista mais ao seu charme.

- Bom argumento. Mas isso não muda nada. Uma boa noite pra você. – Dessa vez me viro com mais rapidez e começo a caminhar. Mauricio caminha ao meu lado.

- É claro que eu preferia te levar de carro, mas, se você prefere assim, eu te acompanho a pé. – Eu o fuzilei com os olhos e antes que eu pudesse impedir sua companhia ele ergueu as mãos outra vez e disse rindo. – A rua é pública.

 Me obriguei a rir também. Ele estava certo, a rua é pública. Nós caminhamos lado a lado em silêncio. Ele parecia perdido em seus pensamentos e eu nos meus. O que está acontecendo comigo? A última coisa que poderia acontecer comigo nesse momento era eu me apaixonar. E pior ainda. Me apaixonar por Mauricio Anton, meu chefe que pelo jeito não entende nada de amor. Sua presença me deixa muito desconcertada. Já vivi alguns romances e paqueras na escola, mas nada que senti até hoje foi tão intenso. Nunca um toque me fez arrepiar dessa forma fazendo meu cérebro parar de funcionar. Até agora foram somente algumas palavras, uma dança e sua grosseria no elevador. E eu sei que para minha sanidade mental não pode passar disso. Mas estou muito mais envolvida do que deveria. Estou tão perdida em meus pensamentos que nem percebi que já estávamos próximo do meu apartamento. Muitas pessoas ainda estão pelas ruas, conversando, passeando, casais de mãos dadas, crianças tomando sorvete, adolescentes sentados nos encostos dos bancos. Uma lua linda no céu e muitas estrelas brilhando. Uma noite perfeita para um romance. Pena que falta o príncipe. Espanto meus pensamentos e digo:

- Pronto. Tarefa cumprida. Já estou em casa em segurança.  – Paramos em frente ao prédio de seis andares. Ele se aproximou um pouco mais, quase demais e diz:

- Vai me convidar para subir? Podermos conversar melhor sobre a questão chefe e estagiaria.

- Acredito que a melhor resposta é ‘não’. Boa noite Mauricio! – Me virei para entrar no prédio e ele me segurou pelo braço mais uma vez, ele só pode estar fazendo isso de propósito. Com agilidade ele me virou de volta e nossos corpos ficaram próximo demais. Da pra sentir seu hálito fresco em meu rosto. Ele vai me beijar e eu não tenho forças para lutar contra. Seu rosto se aproxima ainda mais do meu e ele beija o canto da minha boca e sussurra:

- Boa noite então. Durma bem.

Meu corpo todo estava extasiado. Eu não consigo pensar, falta ar nos meus pulmões. Com a mesma agilidade que Mauricio me segurou ele me soltou. Me deixou parada sozinha no meio da calçada. Ele se virou e saiu caminhando sem olhar para trás. Fiquei ali parada no mesmo lugar por mais algum tempo. Estava tentando entender o que aconteceu. Ele podia ter me beijado e não me beijou. Foi melhor assim. Preciso acreditar que foi melhor assim. Entro no meu apartamento e sinto a solidão bater. Vou para a cama e cenas da noite passam pela minha cabeça. Adormeço.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Capítulo Dois - 3ª parte


A tarde passa vagarosamente com uma aula exaustiva. A noite me tranco no quarto para ler alguns livros indicados pelos professores. Mayara e Carol também estão ocupadas com seus livros. Tomo banho e vou para a cama. Tento dormir, mas, meu cérebro não desliga. Não consigo parar de pensar em Mauricio. Primeiro são esses sentimentos loucos que sinto toda vez que estou próxima de Mauricio. Sentimentos estranhos para mim. Meus romances sempre foram pacatos e sem sal. E na presença de Mauricio fico sem chão, as pernas ficam bambas, as mãos começam a suar, perco a respiração. Lembro de seu toque em minha mão quando nos apresentamos pela primeira vez. Para não bastar tudo isso. Ainda tem tudo o que Lia me contou. E depois ele me convidou para sair. Adormeço com Mauricio rondando meus sonhos. Vejo seu rosto e sinto seu toque e eu quero fugir e não consigo.

Amanheceu o dia. Estou me sentindo dolorida, não consegui descansar bem. Estou até com medo do que tem hoje para mim. Esta semana está superando todas as espectativas. Levanto da cama, me arrumo e vou caminhando para o trabalho. O brilha forte no céu.

O dia está correndo bem. Cada funcionário concentrado em suas tarefas. Mauricio não apareceu por enquanto. A manhã chega ao fim e todos tomam seus rumos. Depois de três dias turbulentos, hoje pode-se dizer que está sendo um dia normal. A quinta-feira termina, estou deitada em minha cama confortável. Com o notebook ligado estou vendo as postagens no facebook. Os estagiários que trabalham comigo me enviaram convites de amizade e eu os aceitei. Entro na página de Lia, olho suas fotos, alguns vídeos que ela havia postado e quando me dou conta estou procurando Mauricio Anton em sua lista de amigos. Encontro sua foto, lindo. Sinto um frio na barriga. Como pode um olhar ser tão penetrante, estou só olhando uma foto e já estou tremula. Penso duas vezes, mas não consigo resistir, entro em sua página. Preciso ver com meus próprios olhos as fotos das mulheres. Na página inicial tem somente fotos dele sempre sozinho, fotos lindas em lugares maravilhosos que jamais vi pessoalmente. A sua lista de amigos é gigantesca a maior que já vi, parece ser bem popular, percebo frustrada que a maior parte são mulheres. Abro o link de fotos, apenas duas pastas, uma denominada como LUGARES MARAVILHOSOS e a outra simples e direta MULHERES. Abro primeiro a pasta dos lugares maravilhosos, muitas fotos de lugares realmente maravilhosos, deve ser das viagens que Mauricio faz, deduzo. Algumas fotos dele também, mas novamente sempre sozinho, nenhuma foto com a família, amigos ou mesmo com uma mulher. Crio coragem e abro a outra pasta. Fotos de muitas mulheres, mulheres de todos os tipos, loira, morena, ruiva, alta, baixa, mais velhas, novinhas, enfim uma diversidade. São muitas fotos. Em cada foto um enunciado, nome completo e idade. Vou observando as fotos. De repente vejo as fotos da recepcionista, e estagiarias. Infelizmente Lia estava certa. Eu não queria acreditar inteiramente em sua história, era melhor pensar que ela estava fantasiando um pouco as coisas. Mas não. É tudo verdade. Repentinamente saio do face e desligo o computador. Não quero mais ver nada, não agüento ver mais nada. Adormeço.

Sexta-feira. Nem acredito que está semana está acabando. Acho que aguento trabalhar mais um dia. Novamente Mauricio não apareceu na empresa e ninguém comenta sobre ele. Melhor assim. O expediente acaba. Os estagiários estão alegresconversando. Lia me chama para a roda e Fabio fala alegremente.

- A noite nós vamos ali no barzinho da frente tomar uma cerveja e dar risada. Quer vir com a gente? – Sou pega de surpresa, na verdade não estava esperando esse convite. Mas, não vou fazer desfeita com meus colegas de trabalho, e preciso mesmo me descontrair.

- Pode ser. A noite nos encontramos então. Estou precisando relaxar.

Fabio da um sorriso e eles continuam conversando. Olho fixamente para Lia que percebe que eu quero falar com ela em particular. Ela se afasta um pouco do grupo e pergunta.

- O que foi?

- O chefe não participa dessas reuniões de vocês no barzinho, participa? – Percebo que estou franzindo a testa.

- Não. Pode ficar tranquila, ele nunca aparece nesse barzinho. Vai ser bem divertido, você vai ver.

- Tudo bem então!

Despeço-me de todos e vou para casa. Faz dois dias que não vi Mauricio e no fundo estou sentindo falto disso. Eu não posso me apaixonar. Não por Mauricio Anton. Esse pensamento continua me atormentando a tarde toda.

Depois da faculdade levei Mayara e Carol até o aeroporto, elas foram para a casa dos pais passar o final de semana. Estou sozinha no apartamento e parece tudo tão grande e silencioso sem elas, mas vou ter que conviver com isso no final de semana. Apesar de não sermos amigas de infância e trocar nossas confidencias sinto a falta delas quando não estão. Vou para o quarto me arrumar para tomar uma cerveja com meus novos colegas de trabalho. De repente estou entusiasmada com a idéia. Estou precisando disso. Cerveja, música e conversa fiada. Coloco uma calça jeans, blusinha e sapatilha. Arrumo meu cabelo e faço uma leve maquiagem. Saio de casa. Vou caminhando, pois apesar de já ter escurecido o barzinho fica somente a duas quadras.

Chego no barzinho, meus colegas de trabalho já estão sentados à mesa. Fabio muito gentil vem ao meu encontro, me cumprimenta com dois beijinhos, está cheiroso e muito bem apresentável, é estranho vê-lo com outra roupa. Somente o tinha visto de uniforme. Diz que estou linda e fico lisonjeada. Cumprimento todos os outros colegas e sento na cadeira ao lado de Fábio que parece que estava reservada para mim. Todos estão conversando animadamente sobre os mais diversos assuntos. O garçom se aproxima e eu peço uma cerveja. Em alguns momentos participo das conversas, mas na maior parte do tempo fico ouvindo. Marcelo e Tatiana começam a contar piadas e a noite está muito divertida. Meus ombros conseguiram relaxar e estou me sentindo bem.

Peço outra cerveja. Percebo que é a primeira vez que me sinto a vontade na semana. Estou descontraída rindo com meus novos amigos. Lia está contando suas aventuras de final de semana, de repente para de falar e olha firme para a porta de entrada. Todos se viram para ver o que Lia estava vendo, inclusive eu. Mauricio Anton entra no bar, olha em volta a avista nossa mesa. Meus colegas tentam disfarçar e continuam conversando. Eu não consigo, meu coração está a mil, que efeito ele tem sobre mim. Meu bem estar passou para tensão pura. Tento agir naturalmente, mas meu corpo me trai. Lia percebe meu desconforto, mas não diz nada, somente me olha. Mauricio se aproxima da nossa mesa.

- Boa noite! Posso me juntar a vocês?

Eles está maravilhosamente lindo. Calça jeans, camisa pólo, barba feita e um perfume irresistível. Todos se entreolham, e Fabio educadamente responde.

- É claro!

Mauricio pegou uma cadeira da outra mesa, pediu licença e se instalou ao meu lado, entre eu e Fabio. Ele se aproximou de mim, olhou bem nos meus olhos e disse baixo o suficiente para somente eu ouvir.

- Cervejas não estão sendo excluídas da sua agenda? – Sinto seu hálito doce em meu rosto e meu coração para. Preciso fazer meu cérebro voltar a pensar. Olho em seus olhos escuros e respondo no mesmo tom baixo.

- Prefiro cervejas ao invés de cafezinhos. – Uma grande mentira. Dou um sorriso e desvio o olhar. Estamos próximos demais e isso é perigoso.  

Fabio puxa conversa com Mauricio e eu olho para Lia querendo explicações, ela me garantiu que este não era o local que Mauricio costumava frequentar. Ela da de ombros pra mim, fazendo expressão de que está tão surpresa quanto eu. Começa tocar uma música linda e alguns casais vão para a pequena pista para dançar. Fábio se levanta e me convida para dançar. Não sou muito boa nisso, mas faço qualquer coisa para sair um pouco daquela mesa. Pego sua mão me levanto e nos dirigimos para a pista.

Aproveito ao máximo a música com o Fábio. Tento evitar olhar para a mesa, mas todas as vezes que olho dou de encontro com os olhos de Mauricio. Um olhar que faz arrepiar cada fio do meu cabelo. Eu não quero sentir isso. Eu não posso sentir isso. Fábio conduz com graciosidade a dança e me faz sentir confortável em seus braços. Seria tudo mais simples se eu sentisse essa atração por Fabio que inclusive é muito lindo. A música termina e voltamos para a mesa. Preciso encontrar algum pretexto para fugir. Antes que euperca o controle da situação. É difícil pensar com Mauricio próximo e não quero fracassar. Todos continuam conversando, Marcelo vai dançar com a Tatiana e Fabio vai dançar com a Lia. Eu me levanto e falo rapidamente:
- Adorei a companhia de você, mas já estou indo.

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Capítulo Dois - 2ª Parte


Estou de boca aberta. Parece que meu cérebro está dando curtos e está misturando as informações. Só devo estar sonhando. Ou melhor, tendo um pesadelo. Isso não pode ser verdade. Acho que Lia tomou algumas coisa errada hoje.

- Espera ai. Quero ver se eu entendi. O meu chefe é colecionador de mulheres, não repete figurinha e eu sou a próxima da lista? O que você colocou no seu café, Lia? – Solto uma gargalhada, isso só pode ser uma piada.

- Não coloquei nada no meu café. Eu estou lhe passando algumas informações, para você estar sabendo com quem está se envolvendo.

- E porque você faria isso? Você mal me conhece? – Eu preciso entender melhor tudo isso. Lia se justifica:

- Para você não se iludir como eu me iludi. Achando que encontrou o príncipe encantado.

Lia sofreu por Mauricio e está me contando tudo isso para evitar que mais pessoas sofram. Ou, se sofrerem ao menos sabiam onde estavam pisando.  Mas, como ela tem certeza que Mauricio tentará me seduzir? Será que ele comentou alguma coisa com ela? Me arrisco a perguntar.

- O que te leva a pensar que Mauricio me quer em sua coleção.

Lia cruza os braços.

- É assim com todas as estagiarias novas. Passa alguns dias, ele joga charme, te convida pra sair e pronto. Ninguém resiste ao seu charme e ele sabe muito bem disso.

Estou chocada. O café que acabei de tomar parece que está fazendo uma rebelião em meu estomago. Só pode ser um pesadelo, eu não posso estar ouvindo isso. Lia se levanta e toca no meu ombro.

- Só estou te alertando. Você faz o que quiser. Se quiser sair com o mauricio tudo bem pra mim. Desse mau eu já me curei. Boa sorte.

Lia sai da sala. Eu fico sentada mais um pouco tentando assimilar tudo isso. Mauricio Anton. Meu chefe. Coleciona mulheres. Se diverte com elas.  O que o faz pensar que tem esse direito. E as mulheres, porque se submetem a esse tipo de situação. São pegas de surpresas, são iludidas como aconteceu com a Lia. E se ele me convidar para sair, o que vou fazer? Acho que o melhor que posso fazer é ir em busca de um novo estagio. Volto para sala. Quando vou para a minha mesa o telefone toca.

- Estagiaria Cristina. – Digo educadamente. Meu coração congela quando ouso a voz do outro lado da linha.

- Mauricio Antom. Pode vir até minha sala.

- Hã. Sim. Um minuto.

Desligo o telefone. Onde estão as minhas pernas. Não consigo me mexer. Olho para Lia que devolve o olhar como quem diz ‘eu avisei’. Me esforço ao máximo eu vou até a sala do colecionador. Respiro fundo e entro.

- Sim. Em que poço ajudar? – Digo rápido. Mauricio está preguiçosamente sentado em sua cadeira. Mais lindo do que eu conseguia lembrar. Sinto um frio na barriga quando seu olhar encontra o meu.

- Sente-se aqui. – Ele aponta para a cadeira que está em frente a sua mesa. Vou até lá e me sento. Minhas mãos estão suando. Preciso me controlar. Preciso controlar meus sentimentos.

- Você está linda hoje! – Mauricio abre um lindo sorriso e apóia os cotovelos sobre a mesa e fica ereto na cadeira. Meus músculos se contraem diante de sua beleza estonteante. Ele já começou a jogar seu charme e é difícil resistir.

- Obrigada! – Dou um meio sorriso e continuo. – Acredito que você não me chamou aqui só para me dizer que estou linda. – Respiro fundo e falo séria. – Então em que posso ajudar?

Mauricio parece desapontado. Mas, logo recupera seu sorriso e diz:

- Bom vou logo ao ponto porque não gosto de rodeios. Você é estagiaria nova, trabalha em minha empresa e nosso primeiro contato deixou a desejar. Acredito que você teve uma péssima impressão minha. – Ele respira tranquilamente e da um meio sorriso, parece estar lembrando de uma situação engraçada. Fico vermelha, pois sei muito bem do que ele esta lembrando. Então continua.

- Para melhorar essa sua impressão sobre mim, uma vez que trabalhamos juntos, quero lhe convidar para tomar um cafezinho no final da tarde.

Mauricio para de falar e cruza os braços sobre a mesa apoiando seu tronco ainda mais para frente, esbanjando sua beleza. Ele está aguardando confiante minha confirmação para o seu convite. Então Lia tinha razão, ele realmente não deixa escapar ninguém, ele tem a cara de pau de me convidar para sair. Não, não e não. Comigo não. Enquanto brigo com os meus pensamentos, Mauricio não tira os olhos de minha, parece estar lendo minha mente. Meu coração está acelerado, parece que vai sair pela boca. Me esforço para lhe dar uma resposta educadamente.

- Desculpe. Mas, estou super enrolada com atividades do meu curso. Cafezinhos no final da tarde estão sendo excluídos temporariamente da minha agenda.

Termino a frase e só então consigo respirar. Mauricio fecha o rosto e muda sua expressão. Acho que está analisando a resposta e demora a falar novamente. Me sinto sufocada sentada a sua frente, ele realmente tem um poder sobre as mulheres. Um poder sobre mim. Minha vontade e de sair correndo. Já que ele não diz mais nada e me adianto.

- Seria só isso. Posso voltar ao meu trabalho? – Ele pestaneja com a cabeça. Pega alguns papeis que estão sobre a mesa e me entrega dizendo:

- Faça um relatório desses currículos e me envie.

Pego os papeis de sua mão, cuido para as nossas peles não se tocarem dou meia volta e saio da sala. Quando estou fora da porta percebo que estou suando frio. O que vai acontecer agora, com certeza vou ser demitida. Bom, este emprego está sendo uma caixa de surpresas, a cada dia uma novidade, ser demitida seria apenas mais uma das ocorrências. Volto para a minha sala. Sento e me concentro no meu trabalho, consigo finalizar o relatório dos currículos. Imprimo o relatório para entregar ao chefe. Vou até sua sala, bato na porta, mas não tenho nenhuma resposta, entro. A sala está vazia, melhor assim. Deixo o relatório sobre a mesa de Mauricio e saio. Pego as minhas coisas e vou para casa.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Capítulo Dois - 1ª Parte


Quarta-feira, terceiro dia de trabalho.

- Bom dia Cristina!

- Bom dia Silvia.

Sou a primeira a chegar na sala. Acomodo-me e inicio o meu trabalho. Logo chegam meus colegas de trabalho, nos cumprimentamos e cada um se concentra em suas tarefas. As horas passaram voando. Mauricio não apareceu em nossa sala e me sinto aliviada. Já são 10 horas, vou até a copa, me sirvo com um café. Mais alguém entra na sala, me viro para ver quem é. É a Lia, que já chega falando.

- Esta tão quieta, parece nervosa. Possa ajudar em alguma coisa?

- Obrigada, não é nada de mais. Alguns trabalhos puxados da faculdade. – Tento disfarçar. Sento à mesa para tomar meu café. Lia senta ao meu lado, percebo que ela quer continuar a conversa.

- E o que está achando do estágio?

- Estou me adaptando ainda. – Respondo.

- E o chefe? O que achou dele?

O chefe? Lia está me perguntando do chefe? O que ela quer saber? Como não sei o que responder, faço outra pergunta.

- O que eu deveria achar?

- Bom! Você deve estar me achando metida, querendo me intrometer na sua vida, mas na verdade eu quero lhe alertar.

Meu coração quase sai pela boca. Não temos nenhuma afinidade. Nos  conhecemos a apenas dois dias e estamos tendo este tipo de conversa. Minhas mãos começam a suar.

- Me alertar do que? – Pergunto ansiosa.

- É sobre o Mauricio. Não sei se você já sabe, mas ele tem uma certa fama. – Ela para de falar esperando minha reação. Eu a olho incentivando-a a continuar.

- Mauricio se envolve com todas as estagiarias do escritório. – Novamente ela para e espera minha reação. Não estou conseguindo digerir a informação e Lia continua.

- Quer dizer. Mauricio se envolve com muitas mulheres. – Lia me olha fixamente. Eu não sei o que pensar. Na verdade não entendi porque Lia está me contando isso.

- Desculpe! Mas, não sei porque você está me contando isso? – Digo depois de um tempo.

- Bom! – Lia continua.- Só quero te alertar que por você ser a nova estagiaria do pedaço, provavelmente Mauricio irá te seduzir para sair com você.

O quê? Eu sair com o chefe? Jamais! Minha respiração fica ofegante.

- Como assim? Sair com o chefe? – Falo rispidamente. – No contrato não dizia que uma das funções da estagiaria era sair com o chefe.

Lia me olha. De repente e me pergunto se Lia já saiu com o Mauricio e infelizmente percebo em seu olhar que já.

 - Você já saiu com o Mauricio? – Isso não é da minha conta, mas, foi ela quem começou com essa conversa e invadiu o meu espaço. Lia me observa e depois responde.

- Já.

Lia baixa o olhar, parece sem graça. Quem mais será que já ficou com Mauricio? E porque eu quero saber? Que conversa sem pé nem cabeça. Mas, agora que começou quero saber o restante. Pergunto para Lia:

- Quem mais já ficou com Mauricio aqui do escritório?

- Hã. – Lia responde com olhar baixo. -  Alexia, Jéssica, Fernanda e a Tatiana que eu sei.

Meu estomago está embrulhando, acho que vou vomitar. Tomo um gole longo de café para ver se a cafeína ajuda entender tudo isso. Tomo outro gole e falo rispidamente.

- Isso é ridículo. – Me levanto para colocar a xícara no balcão. Sinto minhas pernas bambas. Lia continua.

- Tem mais.

- Mais? – Olho para  Lia. – Não sei se quero saber mais.

- Tudo bem! – Lia levanta as mãos em sinal de rendição.

O que mais poderia ser? Na verdade eu quero saber. Não agüentaria ficar imaginando o que mais poderia ser.

- Me conta logo tudo de uma vez. – Digo para Lia me sentando novamente à mesa. Lia continua.

- As pessoas comentam que ele faz coleção de mulheres. Ele fica com muitas mulheres, ele tira uma foto e posta no facebook. Ele tem uma pasta só com fotos das mulheres com quem já se envolveu.

Fico pasma olhando. Mal consigo piscar.

- E ele fica uma única vez com cada mulher. Até onde eu sei nunca se envolveu com alguém sério.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Capítulo Um - 3ª Parte


- Cinquenta reais? – Falo usando o mesmo tom irônico que ele usou no dia anterior.

Ele dá um sorrisinho torto e fala.

- Tudo bem. Sei que você teve uma péssima impressão minha ontem. Será que podemos começar tudo de novo?

Começar tudo de novo? Começar o que? Não temos nada! Fico olhando para ele, o que ele está querendo? Fico olhando para ele sem mover um músculo.

- Prazer, Mauricio Anton! – Ele estende o braço outra vez me fazendo tremer por dentro. Que poder é esse que ele tem sobre mim? Por que estou me sentindo tão vulnerável? Será que devo tocá-lo outra vez? Aperto sua mão e digo:

-Cristina Detz!

Ele me encara. Sua expressão não consigo definir. Apertamos nossas mãos, sinto o mesmo choque que senti agora pouco no escritório. Será que ele sentiu também? Ele da um sorriso. Não consigo decifrar? Solto minha mão e gaguejo.

- Preciso ir. Tchau! – Me viro e saio andando mais rápido do que de costume.

- Até amanhã Cristina!

Levo um susto quando saio do edifício. O vento me faz lembrar que preciso respirar. As minhas pernas estão bambas. As mãos estão suando. O coração parece que vai saltar pela boca. Concentra Cristina. Concentra. Começo a repetir para mim mesma. Mantenha a foco e não se deixe abalar só porque ele tem um rostinho lindo e um corpinho mais lindo ainda. Esquece. Tira ele da cabeça. Ele é seu chefe e nada mais. Fiquei repetindo isso para mim mesma até chegar em casa.  

Não contei para as meninas sobre o novo episódio. Gostaria de compartilhar meus sentimentos. Até me faria bem. Mas decido esquecer o assunto por enquanto. Fui pra faculdade, tentei ao máximo me concentrar nas matérias e atividades, mas foi difícil. Eu não posso estar sentindo nada por esse cara, eu não quero sentir nada por ele, não por ele.

Anoiteceu e fui dormir mais cedo. Acredito que amanhã as coisas serão melhores. Antes de adormecer lembro perfeitamente do rosto lindo de Mauricio Anton e de seu olhar penetrando no meu.